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domingo, 25 de novembro de 2012

A HISTÓRIA DO FADO

O "FADO" dizem nasceu nos contextos populares da Lisboa oitocentista, o Fado encontrava-se presente nos momentos de convívio e lazer. Cantava-se nas hortas, nas esperas de touros, nos retiros, nas ruas e vielas, nas tabernas, cafés de camareiras. Por essa altura o fado encontra-se associado á marginalidade e transgressão, em ambientes frequentados por prostitutas, faias, marinheiros e marialvas, eram os seus cantadores habitualmente descritos como rufiões de voz áspera, ostentando tatuagens, hábeis no manejo da navalha de ponta e mola, recorrendo à gíria e ao calão.  
Atestando a comunhão de espaços lúdicos entre a aristocracia boémia e as franjas mais desfavorecidas da população lisboeta, a história do fado cristalizou em redor do episódio do envolvimento amoroso do Conde de Vimioso com Maria Severa Onofriana (1820-1846), meretriz consagrada pelos seus dotes de cantadeira e que se transformará num dos grandes mitos da "História do Fado", referencia da comunidade fadista. 
 O Teatro de Revista, género de teatro ligeiro tipicamente lisboeta nascido em 1851, cedo descobrirá as potencialidades do fado que, a partir de 1870 integra os seus quadros musicais. 
Os bairros típicos, a boémia, os amores e desamores assumem o protagonismo no canto dos cantadores e cantadeiras da época.
Ascendendo aos palcos do teatro o fado animará a revista, com refrão e orquestrado, o fado será cantado quer por famosas actrizes, quer por fadistas de renome.
E se desde o primeiro momento o fado marcou presença no teatro e na rádio o mesmo irá acontecer na sétima arte. 
De facto, o cinema português consagrou ao fado particular atenção. Ilustra-o bem o facto do primeiro filme sonoro português, realizado em 1931, por Leitão de Barros, ter por temática as desventuras da mítica figura da "Severa". 
            Em 1947 com O Fado, História de uma Cantadeira
protagonizado por Amália Rodrigues ou, em 1963, com O Miúdo da Bica, protagonizado por Fernando Farinha, o cinema português consagra Hermínia Silva, Berta Cardoso, Deolinda Rodrigues, Raul Nery e Jaime Santos, dando assim particular destaque ao universo fadista.
Usufruindo da divulgação nos palcos do Teatro de Revista e, a partir das primeiras décadas do século XX, da promoção de uma imprensa especializada, mediatizando-se progressivamente na Radio, no Cinema e na Televisão, o fado conhece uma franca vitalidade no período compreendido entre as décadas de 1940 e 1960, muitas vezes designado de “anos de ouro”, surgindo em 1953 o concurso da Grande Noite do Fado que se realizará anualmente, até aos nossos dias.
Se a simplicidade da estrutura melódica do Fado valoriza a interpretação da voz, ela sublima também os repertórios cantados. Com forte pendor evocativo, a poesia do fado apela à comunhão entre intérprete, músicos e ouvinte. Em quadras ou quadras glosadas, quintilhas, sextilhas, decassílabos e alexandrinos, esta poesia popular evoca os temas ligados ao amor, à sorte e ao destino individual, à narrativa do quotidiano. Sensível às injustiças sociais, revestiu-se inúmeras vezes, de um vincado carácter de intervenção. 

E se as primeiras letras de Fado eram, na sua maioria, anónimas, a situação inverter-se-ia definitivamente a partir de meados da década de 20, época em que surge uma plêiade de poetas populares como Henrique Rego, João da Mata, Gabriel de Oliveira, Frederico de Brito, Carlos Conde e João Linhares Barbosa, que consagrará ao fado particular atenção. A partir dos anos 50 do século XX o fado cruzar-se-á definitivamente com a poesia erudita na voz de Amália Rodrigues. A partir do contributo decisivo do compositor Alain Oulman, o fado passará a cantar os textos de poetas com formação académica e obra literária publicada como David Mourão-Ferreira, Pedro Homem de Mello, José Régio, Luiz de Macedo e, mais tarde, Alexandre O’Neill, Sidónio Muralha, Leonel Neves ou Vasco de Lima Couto, entre muitos outros. 
A divulgação internacional do Fado começara já a esboçar-se a partir de meados da década de 30, em direcção ao continente africano e ao Brasil, destinos preferenciais para actuação de artistas como Ercília Costa, Berta Cardoso, Madalena de Melo, Armando Augusto Freire, Martinho d’Assunção ou João da Mata, entre outros artistas. A partir da década de 1950 a sua internacionalização consolidaria definitivamente sobretudo através da figura de Amália Rodrigues. 
Ao longo de muitos anos pós-revolução dos cravos o fado foi colocado em segundo plano com o surgimento da canção ligeira, o que atira definitivamente o fado para as tipicas casas de fado e tertulias fadistas. Já nos anos 90 e até aos dias de hoje o fado voltaria a surgir e ter destaque com o surgimento de novas vozes, toda uma geração de novos talentos que voltariam a dar ao fado alguma notoriedade : 
Mísia,Cristina Branco,Camané,Mafalda Arnauth, Katia Guerreiro, Maria Ana Bobone, Joana Amendoeira, Ana Moura, Ana Sofia Varela, Pedro Moutinho, Helder Moutinho, Gonçalo Salgueiro, António Zambujo, Miguel Capucho, Rodrigo Costa Félix, Patrícia Rodrigues, ou Raquel Tavares. 
Depois de alguns anos de quase esquecimento, o fado volta a estar na moda. Neste apontamento não queremos dar lições de história a ninguém no que se refere á história do fado, ao seu trajeto e origens,...pois quando se fala de fado, cada cabeça sua sentença. Por muito tempo que se tenha dedicado ao estudo da história do fado, as conclusões são tudo menos coincidentes. Quais são, afinal, as origens do fado? Há pelo menos um facto que parece ser unânime. O fado deverá ter surgido no século XIX. São várias as teorias. Uma refere que o fado é de origem árabe. Outra aponta a música brasileira, nomeadamente as chamadas modinhas, como a base do fado. Uma terceira teoria refere que a primeira vez que se ouviu fado foi na voz dos marinheiros que cantavam na proa dos barcos. Há ainda quem defenda que o fado surgiu na voz do povo, nas ruas da cidade de Lisboa, como uma forma de expressão de sentimentos.  
A evolução do fado
Durante a primeira metade do século XIX, o fado esteve associado às classes mais baixas da população de Lisboa. Era cantado nas tabernas e reflectia o seu estado de espírito e preocupações: o desalento, a tristeza, o ciúme e o medo. 
Como chega então o fado às restantes classes sociais? 
Até meados do século eram poucos os espaços de divertimento da noite lisboeta. Atraídos pelo mistério e pelo 'pecado', os membros da aristocracia começaram a frequentar os bairros pobres da cidade tal como Alfama ou a Mouraria . É desta forma que as classes mais elevadas começam a ouvir o fado e a apreciar este género musical. E se até aqui as letras dos fados eram simples e até rudimentares, escritas pelos homens do povo, a partir de então alguns letrados e homens mais cultos iniciam-se na composição dando ao fado maior notoriedade.




O fado durante a censura
Em meados do século XX, o fado foi alvo de várias alterações. Por um lado, torna-se num género musical profissional pelo facto de ter começado a fazer parte do chamado Teatro de Revista. Muitos amantes do fado passam a fazer deste tipo de música a sua profissão. Por outro lado, vivia-se na ditadura de Salazar e a censura era implacável. 
Aos fadistas e instrumentistas era exigida uma licença para cantar e tocar fado, ao mesmo tempo que as letras e os poemas eram sujeitos a uma censura apertada. Mas, inicialmente com o cinema e a rádio e mais tarde com a televisão, o fado já estava totalmente assimilado pelo povo e raro era o português que não admirava este género musical. Ainda mais quando, na década de 50, surge aquela que ficaria para a história como a maior fadista de todos os tempos - Amália Rodrigues. 
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